segunda-feira, 30 de junho de 2008

Praia

Na luz oscilam os múltiplos navios Caminho ao longo dos oceanos frios
As ondas desenrolam os seus braços E brancas tombam de bruços
A praia é lis e longa sob o vento Saturada de espaços e maresia
E para trás fica o murmúrio Das ondas enroladas como búzios.
Sophia de Mello Breyner
“Perdemos repentinamente
a profundidade dos campos
os enigmas singulares
a claridade que juramos
conservar
mas levamos anos
a esquecer alguém
que apenas nos olhou“
{“José Tolentino Mendonça”}

domingo, 29 de junho de 2008

A estrada branca

Atravessei contigo a minuciosa tarde
deste-me a tua mão, a vida parecia difícil de estabelecer
acima do muro alto
folhas tremiam ao invisível peso mais forte
Podia morrer por uma só dessas coisas
que trazemos sem que possam ser ditas:
astros cruzam-se numa velocidade que apavora
inamovíveis glaciares por fim se deslocam e na única forma que tem de acompanhar-te
o meu coração bate
José Tolentino Mendonça, in "A estrada branca"

mar verdesmeralda